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BNDES vai oferecer crédito com taxa fixa na Finame

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O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) vai oferecer às empresas a possibilidade de contratar empréstimos na Finame, a linha de crédito que financia máquinas e equipamentos, com taxa de juros fixa, disse ao Valor Ricardo Ramos, diretor da área de operações indiretas da instituição de fomento. A taxa fixa será uma alternativa à Taxa de Longo Prazo (TLP), que continuará disponível aos tomadores.

A nova referência de custos será válida também para o BNDES Giro, a linha de capital de giro do banco. Nos próximos dias, o BNDES deve comunicar a novidade ao mercado e a previsão é que a taxa fixa entre em operação no fim de março para micro, pequenas e médias empresas com faturamento anual de até R$ 300 milhões.

Hoje a Finame financia bens e equipamentos com custo atrelado à TLP, que tem uma parcela pré-fixada e outra variável, vinculada à inflação (IPCA). Se o IPCA sobe, a prestação do tomador sobe junto. A vantagem para o tomador será saber exatamente quanto vai pagar, disse Ramos. O custo final da taxa fixa não foi definido, mas será divulgado ainda este mês. Outras linhas menores da área de operações indiretas do BNDES também deverão contar com a alternativa da taxa fixa em uma segunda fase.

A alternativa da taxa fixa surge em um momento de transição dentro da Finame. Até junho a linha deve estar toda automatizada permitindo ao cliente a contratação da operação de financiamento em segundos, disse Ramos. A medida faz parte de um esforço de melhorias de processos que o banco vem fazendo e que vão de encontro às críticas apontadas pelo economista João Furtado, diretor da Elabora Consultoria.

Furtado, que já foi assessor do banco, fez um estudo com dez propostas para um “novo” BNDES, em iniciativa apoiada pelo Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi). As conclusões do trabalho foram publicadas ontem pelo Valor.

“Concordamos com o diagnóstico [de Furtado], mas é importante dizer que já começamos um processo de mudanças que está em curso desde o ano passado”, disse Ramos. Um das principais mudanças refere-se a novos critérios para o credenciamento de produtos que podem ser financiados pela Finame, iniciativa antecipada pelo Valor em novembro de 2017. A medida se relaciona com o cálculo de conteúdo nacional mínimo necessário para que um produto seja “elegível” ao financiamento pelas linhas do banco.

Pela nova fórmula, o índice de nacionalização será mais flexível, incorporando cinco variáveis intangíveis: investimento em inovação, inserção exportadora, mão de obra técnica, utilização de componentes de alto grau tecnológico e valor adicionado. Essas variáveis vão contar no cálculo para que o fabricante tenha seu produto cadastrado na Finame. A nova metodologia vai entrar em vigor em 3 de dezembro de 2018.

No estudo, Furtado afirma que o cadastro de produtos da Finame é “velho e estático” e que a linha deveria financiar itens como serviços tecnológicos, design, consultorias de engenharia e programas de manufatura avançada, entre outros itens.

“Já não somos nem tão mais estáticos e nem tão mais velhos”, disse Ramos. Até 2015 havia cerca de 300 mil produtos cadastrados no portal de Credenciamento de Fornecedores Informatizado (CFI) do BNDES. Muitos desses produtos não tinham mais demanda. Após uma reavaliação, esse número caiu para 35 mil produtos. A grande maioria dos itens tem prazo de credenciamento de quatro anos.

Ramos disse que a Finame continuará a ter máquinas e equipamentos em sua base cadastral, mas que irá incorporar cada vez mais soluções tecnológicas. O banco pretende financiar não só bens de capital para o setor produtivo, mas também serviços de alto valor agregado oferecidos em “pacotes”.

Marcelo Porteiro, superintendente da área de operações indiretas do BNDES, disse que a Finame precisa reconhecer esse universo de serviços e analisar como financiar esse segmento. Segundo Porteiro, a Finame já tem hoje uma base de produtos diversificada que, em alguns casos, têm relação direta com inovação.

Fonte: Valor Econômico

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